quinta-feira, 10 de maio de 2012

Pedagogizar?!

"Pedagogizar” a ciência a ser ensinada significa submeter os conteúdos científicos a objetivos explícitos de cunho ético, filosófico, político, que darão uma determinada direção (intencionalidade) ao trabalho com a disciplina e a formas organizadas do ensino. Nesse sentido, converter a ciência em matéria de ensino, é colocar parâmetros pedagógico-didáticos na docência da disciplina, ou seja, juntar os elementos lógico-científicos da disciplina com os político-ideológicos, éticos, psicopedagógicos e os propriamente didáticos. Isso quer dizer que para ensinar Matemática não basta ser um bom especialista em Matemática, é preciso que o professor agregue o pedagógico-didático, ou seja, que tenha em mente as seguintes indagações: que conteúdos da Matemática-ciência devem se constituir na Matemática-matéria de ensino, visando a formação dos alunos? A que objetivos sociopolíticos serve o conhecimento escolar da Matemática? Que representações, atitudes e convicções são formadas em cima do conhecimento matemático? Que habilidades, hábitos, métodos, modos de agir, ligados a essa matéria, podem auxiliar os alunos a agirem praticamente frente a situações concretas da vida? Que seqüência de conteúdos é mais adequada à aprendizagem dos alunos, considerando sua idade, nível de escolarização, conceitos já disponíveis dos alunos etc.?

Fonte:http://www.educaremrevista.ufpr.br/arquivos_17/libaneo.pdf acessado em 09 mai 2012.

1 comentário:

  1. Daí um enorme desafio: como despedagogizar a escola? Deve-se começar por criticar o discurso pedagogizador da eficiência, discurso típico da
    sociedade técnico-científica, em que o próprio desejo de emancipação foi obliterado em roveito do domínio técnico, cego para a responsabilidade
    social e política da educação. O modo como fomos educados, isto é, treinados,tem tido resultados catastróficos. Pensemos, por exemplo, na devastação da natureza, na ausência de políticas científicas voltadas para pesquisa de produtos adaptados às condições de mercados de 3º mundo, na completa ausência de investimento num desenvolvimento cujo estilo pudesse dar conta das diferenças sociais, e não ampliá-las como vem acontecendo.

    * Fragmentos retirados de: ARAUJO, Inês Lacerda. Da “pedagogização” à educação: acerca de algumas contribuições de Foucault e Habermas para a filosofia da educação. In: Revista Diálogo Educacional, Curitiba, v. 3, n.7, p. 75-88, set./dez. 2002.

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